O que é
Caracteriza-se pela presença de pedras (cálculo) no interior da vesícula biliar, esta que é um pequeno órgão com a forma de um saco (semelhante a uma pêra) e fica localizada próximo ao fígado, medindo de 7cm a 10cm de comprimento. A vesícula armazena a bile, um líquido amarelo esverdeado (com 40ml a 50ml, produzindo 600ml diários) espesso que é produzido pelo fígado. Depois da alimentação, a vesícula se contrai e libera a bile ao intestino, e entra em contato com o alimento, auxiliando na digestão que foi iniciada pelo estômago; a bile tem como função básica digerir as gorduras e auxiliar na absorção de nutrientes como as vitaminas A, D, E e K.
A vesícula biliar só consegue armazenar a quantidade diária de bile (600ml) por causa da sua capacidade de absorção, ela absorve água e eletrólitos concentrando a bile entre 5 a 10 vezes. Essa concentração pode afetar a solubilidade de dois importantes componentes dos cálculos biliares: colesterol e cálcio. O cálculo ocorre devido o aumento da concentração do colesterol e do cálcio.
Qual profissional devo procurar? Qual o diagnóstico?
Deve-se procurar o gastroenterologista, médico especialista em distúrbios do sistema digestivo. O primeiro exame a ser solicitado pelo médico na suspeita da colelitíase é a ultrassonografia, pois possibilita visualizar os sistemas biliares intra e extra-hepáticos (revelando dilatações), e ainda permite a observação do fígado e do pâncreas. O médico pode solicitar cirurgia para a retirada das pedras na vesícula, se a cirurgia for necessária, o médico fará uma avaliação completa do paciente e alguns exames podem ser necessários antes de operar, como análises de sangue, eletrocardiograma (ECG) ou radiografia de tórax para verificar o coração e pulmões. O ultrassom abdominal é recomendado para verificar a presença de cálculos nas vias biliares; esta cirurgia dura em média 40 minutos.
Como identificar? Quais são os sintomas?
A maioria dos casos é assintomática e os pacientes podem passar a vida sem saber, contudo, muitos descobrem a colelitíase devido a outras patologias. Quando há sintomas, que tem taxa de 1% ao ano nesses doentes, eles podem ser:
- Dor de cabeça.
- Dor na parte superior e central do abdômen ou no quadrante superior esquerdo.
- Intolerância ao ingerir alimentos gordurosos (frituras em geral, carnes, etc.).
- Mal-estar.
- Náuseas.
- Vômitos (acompanhados de dor abdominal).
O sintoma inicial é a cólica biliar, que caracteriza-se por uma doraguda e contínua, localizada na topografia de vesícula biliar ou acima do umbigo, podendo apresentar irradiação para a escápula direita. Muitas vezes, esta dor ocorre após as refeições de alimentos gordurosos. O motivo da dor é sempre a obstrução da luz da vesícula por um cálculo, uma associação com a alimentação ocorre em somente 50% dos casos.
No restante dos pacientes, a dor não é relacionada com a alimentação e tem início no período noturno, acordando o paciente de seu sono. A duração da dor é tipicamente de 1h a 5 horas. As crises raramente persistem por mais de 24 horas ou por menos de 1 hora. Se persistir por mais de 24 horas deve-se pensar em inflamação aguda ou colecistite (inflamação aguda ou crônica da vesícula biliar).
O que causa?
A formação dos cálculos biliares (pedras na vesícula) ainda tem sua causa desconhecida, mas relaciona-se mais a fatores metabólicos, hereditários e orgânicos do que à ingestão alimentar, então a alimentação não tem grande interferência neste processo.
A bile é excretada pelo fígado e segue pelos ductos biliares para chegar ao intestino; ela é composta por água, colesterol, sais biliares, bilirrubinato e lecitina. Quando estas substâncias estão em equilíbrio, elas mantêm a bile em estado líquido. Mas, se o colesterol, os sais biliares ou os bilirrubinatos são produzidos em excesso pelo fígado, haverá precipitação, formando pequenos grânulos. Estes grânulos que serão os responsáveis por iniciar a formação dos cálculos biliares.
Cerca de 90% das pedras formadas são compostas de colesterol, o restante é composto de sais biliares (bilirrubinato). Os cálculos pigmentados, pretos ou marrons, são formados por bilirrubinato de cálcio principalmente. A quantidade de pedras que podem ser encontradas varia, podendo ser uma ou várias. Com isso, existem 3 tipos de cálculos, conheça-os:
Cálculo de colesterol:
É a composição da maioria dos cálculos, sendo que, geralmente, não é somente colesterol, o cálcio também entra como outro componente. Sua maior ocorrência está nas mulheres, indivíduos obesos, multíparas (mulheres que tiveram muitos filhos), histórico na família, hipertrigliceridemia (aumento do triglicerídeos no sangue) e gestantes.
Cálculo de Bilirrubinato de Cálcio (cálculo preto):
É o segundo mais comum, com maior ocorrência em doentes com destruição das hemácias (hemólise crônica), como: anemia falciforme, esferocitose entre outras.
Cálculo de pigmento marrom ou castanho:
Ocorre em 5% dos cálculos e não é formado na vesícula biliar, sendo normalmente formado no colédoco que possui deformidades (estreitamento, obstrução, etc).
A Colelitíase tem cura? Qual é o tratamento?
Sim. Quando o paciente não possui sintomas do cálculo biliar, a cirurgia não é indicada, mas quando o cálculo é maior que 3cm e está associado a pólipos, vesícula em porcelana, anomalia congênita da vesícula e/ou microesferocitose, pode-se extrair as pedras, pois elas podem “explodir” a qualquer momento, causando uma inflamação (colelitíase aguda), então o paciente passa por procedimento cirúrgico: a colecistectomia laparoscópica.
Este procedimento é muito seguro e comum (estima-se que se fazem cerca de 700.000 dessas operações por ano nos Estados Unidos). No entanto, como em qualquer outro procedimento cirúrgico, as complicações podem ocorrer, como o sangramento e a infecção. Menos comum podem ocorrer lesões de órgãos vizinhos ou dos canais biliares; na presença de algumas condições, a operação pode requerer a conversão de uma laparoscopia para uma colecistectomia aberta.
Como prevenir? Quais os fatores de risco?
- Anemia hemolítica crônica.
- Emagrecimento acentuado: aumenta a perda de colesterol na bile.
- Gravidez.
- Idade avançada.
- Mulheres em idade fértil, principalmente por volta dos 40 anos.
- Mulheres que tiveram múltiplas gestações.
- Obesidade.
- Pacientes submetidos a cirurgias gástricas para tratamento de câncer, úlcera ou vagotomias (podem ter maior propensão a formar cálculos biliares).
- Sedentarismo.
- Uso de contraceptivos orais.
- Úlceras duodenais: provocam certa estase da vesícula facilitando a formação de cálculos.
- Uso de dieta parenteral.
A melhor prevenção para a colelitíase ainda é o acompanhamento médico periódico com diagnóstico de fatores predisponentes.
Complicações
Das complicações da colelitíase, podem ocorrer:
Colecistite aguda:
Quando a pedra fica presa logo na saída da vesícula por um período prolongado, é uma inflamação aguda da vesícula biliar com dor intensa e constante, geralmente acompanhada de febre.
Cólica biliar:
Quando uma das pedras fica presa na saída da vesícula impedindo o fluxo de bile, levando a uma distensão importante e a um esforço para expelir a pedra. O resultado é uma dor semelhante à cólica.
Coledocolitíase:
É o resultado da migração de uma pedra da vesícula biliar para o colédoco, que é o principal canal responsável por levar a bile do fígado até o intestino, obstruindo-o. Nestes casos o paciente fica ictérico (pele e parte branca dos olhos ficam amareladas), pois a bile fica impedida de chegar ao intestino, acumulando-se no fígado e no sangue.
Colangite:
É a infecção dos canais biliares por bactérias após a obstrução, já que a bile parada favorece a proliferação de bactérias.
Pancreatite:
É a inflamação do pâncreas. O canal que leva a bile da vesícula para o intestino passa dentro do pâncreas e se junta com o canal principal que drena o suco pancreático. Quando o cálculo obstrui esses ductos, o suco pancreático fica retido e acaba agredindo o próprio pâncreas.
Grupo de risco
Pessoas que têm problemas sanguíneos relacionados à destruição das hemácias tem maior chance de ter pedras na vesícula, porque esta faz uso dos glóbulos vermelhos destruídos para produzir a bile em excesso. Mulheres em idade fértil, com maior ocorrência aos 40 anos. Mulheres que tiveram muitas gestações e gestantes. Nos homens, apenas 5% são afetados.
Cerca de 80% dos pacientes são assintomáticos e os cálculos pequenos são mais perigosos que os grandes, por terem maior facilidade em se deslocar pelos dutos biliares. Viu só a importância em manter seus exames periódicos sempre atualizados? Compartilhe este artigo para que mais pessoas conheçam sobre a colelitíase.
Fonte: Minuto Saúde